Em 1955 foi publicada pela Federação Espírita Brasileira a primeira edição da obra mediúnica “Memórias de um suicida”. De autoria espiritual de Camilo Castelo Branco, escritor romancista português que narra sua trajetória espiritual após o suicídio, o livro contou com a dedicação psicográfica da médium Yvonne do Amaral Pereira que, a contragosto do autor, escolheu para ele o pseudônimo de Camilo Cândido Botelho (o que não impediu a identificação posterior).

Conforme relatou, Yvonne percebeu a aproximação de Camilo em reunião mediúnica em 1926, e desde então passou por  desdobramentos que lhe facilitaram a descrição dos ambientes tratados na obra. Dessa maneira, a médium via e ouvia as cenas tratadas, o que lhe permitia uma melhor percepção do que seria descrito nas páginas a serem compiladas.

Por mais de vinte anos, os manuscritos ficaram guardados. Yvonne chegou a sentir o impulso de se desfazer deles, mas, seguindo orientações espirituais, aguardou autorização para publicação, enquanto livros sobre o mundo espiritual, como os do espírito André Luiz, sedimentavam o conhecimento dos espíritas.

O livro contou com o auxílio do nobre Espírito de Léon Denis, que coordenou os trabalhos, promovendo, dentre outras atividades, o exame, a revisão e a compilação dos escritos que se destacariam como o maior tratado mediúnico sobre o suicídio até hoje publicado.

O suicídio, decorrente da imaturidade espiritual perante os tormentos da adversidade, é abordado em estudo aprofundado e didático, ao acompanharmos a narrativa de um espírito que provoca a despedida de sua vida corpórea, acreditando encontrar o nada, e frustra-se ao perceber que apenas agravou seu sofrimento.

De intensidade superlativa, o traumatismo perispiritual e mental nos perpetradores de suicídio sempre supera, em muito, o sofrimento que lhe incutiu o propósito de autoexterminar-se, seja pela desilusão, fome, pobreza, desonra, doença, vergonha, medo, ou qualquer situação aflitiva na Terra.

Porém a Misericórdia Suprema do Criador também é retratada, ao narrar o concurso desvelado dos bons espíritos na reabilitação dos doentes e infelizes desencarnados que praticaram essa grave infração às leis de Deus.

Incutindo ânimo e esperança para enfrentar as aflições, os benfeitores espirituais auxiliam no soerguimento e preparação dos irmãos que precisarão retornar à experiência terrena, para vencer as provações às quais sucumbiram.

Obra grandiosa, com milhares de exemplares já publicados, demonstra que nada justifica o suicídio. Leitura imperdível tanto para quem estuda o Espiritismo, como para aqueles que ainda possuem a ideia equivocada de acreditar que o autocídio seja opção de encerramento dos problemas. Trará a estes, por certo, uma nova perspectiva das nefastas consequências do autoextermínio corpóreo, além de fortalecer as convicções na necessidade da manutenção da encarnação, deixando ao Pai Maior a incumbência de chamar-nos aos páramos espirituais quando for de Sua Sábia e Perfeita Vontade.

 

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