Não julgueis para não serdes julgados.

Este ensinamento, dos mais conhecidos dentre as incontáveis e inesquecíveis lições do Mestre Maior, tem sido enunciado, ouvido e, quase sempre, descumprido ao longo de dois milênios de epopeia terrena sob a égide do Cristianismo.

Assim não deveria suceder a uma lição clara, simples, direta, abrigada nas páginas indeléveis da Bíblia, que a reproduzem diversas vezes sob a pena generosa de seus vários redatores divinamente inspirados, como Mateus, Lucas, Romanos, Coríntios, em formas variadas, sempre brilhantes e lúcidas.

Jesus, sob delegação amorosa do Pai Eterno, presidiu a formação do planeta Terra, conduzindo a evolução geológica deste até que se capacitasse a receber e manter a existência material de espíritos emancipados, aptos a escolher seus próprios caminhos. Esse mandato laborioso perdura há 4,5 bilhões de anos, sem perspectiva de termo, evidenciando a tenacidade caridosa do excelso trabalhador, descabendo qualquer dúvida sobre a sua paciente expectativa de que os seus mandamentos sejam paulatinamente assimilados e obedecidos.

Suas palavras são eternas, atemporais, acompanharão a humanidade por ele tutelada ao longo de todo o sempre.

 

  1. O que disse Jesus     

A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de se sentir amado.

 

Esta frase, certeira como todo o legado de Allan Kardec, integra a resposta à questão 938 de O livro dos espíritos.

Jesus, como ninguém mais em qualquer época, difundiu e praticou a mensagem de amor pelo conjunto dos espíritos encarnados e libertos que se vinculam a este orbe, memoráveis exemplos do exercício do magno sentimento, que se refletia em todas as suas manifestações pela palavra, pelo pensamento e pela ação.

A exortação do professor inigualável preconiza a abstenção de qualquer atitude com potencial de trazer dano, de toda espécie, à criatura irmã, similar em direitos e deveres a todos os demais, substanciando nova e eficaz tradução da lei de ação e reação e, invariavelmente, do amor incondicional.

Ele alerta para a frágil argumentação que, supostamente, autorizaria um ser humano a buscar e apontar os eventuais deslizes do irmão, uma vez que esse direito somente se viabilizaria ante a piedosa intenção de colaborar na eliminação de imperfeiçoes, sem outro objetivo que o reerguimento do próximo ao seu alcance.

Em inumeráveis situações difíceis, por vezes armadas com o intuito único de arrastá-lo à contradição, Jesus brindou os que o cercavam com lições insuperáveis de tolerância e compreensão dos erros alheios, jamais cooptando-os. No inolvidável episódio da mulher pecadora, prestes à imolação pelo cinismo hipócrita de tantos que não lhe ultrapassavam a virtude, antes carregavam vultosa carga de maldades voluntárias, a resposta foi perfeita: atire a primeira pedra quem estiver sem pecado.

Sabia o Mestre Primaz que ninguém estagiaria neste mundo, na matéria ou liberto, se detivesse a segurança de não se ter arrojado no equívoco. Um local de provas e expiações é, por definição, designado para o aprendizado difícil, intensivo e esforçado dos seres necessitados de redenção e reencaminhamento para o bem.

Jesus conhecia, de antemão, a propensão degenerada do ser a superestimar as falhas de outrem, ao tempo em que ocultava ou minimizava as suas próprias. Por isso, lançou o anátema sobre o foco unilateral que enxerga o cisco no olho do próximo e ignora o galho insensível na própria vista.

 

  1. A mão dupla do julgamento    

Quando criticamos negativamente alguém, estamos nos obrigando a nos comportar de maneira diferente.

 

O texto epigrafado foi colhido no portal À luz do Espiritismo, sendo da autoria de Sílvia Helena Visnadi Pessenda. A doutrina espírita ensina que o espírito é herdeiro de si mesmo, estabelecendo o inexorável retorno, produtivo ou lesivo, ao seu agente, a quem não cumpre, em absoluto, ignorar esse mecanismo sublime de justiça infalível.

A sabedoria popular, esmerada em experiência e simplicidade, define que, ao crítico, não assiste o cometimento dos mesmos erros que aponta no irmão em falta, se outros motivos não houvesse, pela mera circunstância de que, sob o telhado de vidro, não pode defender-se das pedras que ele mesmo arremessa.

Apartada de qualquer similaridade à lei de Talião, passível de contemplar a vingança tão deplorável quanto o crime que intentasse punir, a regra maior contempla o aprendizado edificante, eventualmente severo, que concilia o reconhecimento das imperfeições remanescentes à decisão individual e consistente de superação e à oportunidade reiterada de ação em benefício da própria recuperação.

Grande parte das religiões, particularmente as cristãs, determina que o habitante terrestre estará sujeito ao julgamento de seu comportamento na vida material, ao deixá-la ou ao advento do denominado fim dos tempos, época imprecisa em que cessaria em definitivo a lida terrena, seguindo-se a continuidade espiritual, em condição de angelical bem-aventurança ou demoníaco desespero, ambas eternas e irrecorríveis. A situação intermediária, possivelmente temporária, é, geralmente, admitida, mas sujeita à conceituação precária, dogmática e discricionária sob a autoridade divina, como de resto, também a felicidade ou danação infindáveis.

Esse cenário dramático e maniqueísta é demasiado humano para que se possa atribuí-lo ao Criador, detentor de todas as virtudes, inalcançável à criação, como esclarece Allan Kardec. O Pai de Amor jamais permitiria o sofrimento indefinido e atroz à mais insignificante de suas criaturas, porque o único destino que aguarda todos os seus filhos é a felicidade completa no regresso à proximidade divina, ainda que, por enquanto, tal acaso lhes seja inimaginável.

O Espiritismo estende a condição de eleito à infinita abrangência da criação, do átomo ao arcanjo, na feliz expressão de Ramatis, sob a vigência inderrogável do mecanismo de causa e efeito, que traz a cada um segundo as suas obras.

Não existe um juízo final, até porque a reabilitação é facultada a todos, mas pode, e deve, o espírito sincero, na veste carnal ou errante, avaliar a si mesmo a todo momento, certificando-se de que realizara a plenitude do bem a seu alcance, segundo a prática assumida por Santo Agostinho, sabendo que a misericórdia divina sempre lhe permitirá o refazimento pessoal e a reposição do prejuízo imputado aos demais seres.

O único responsável por essa análise redentora é a consciência da criatura voltada à evolução imperdível, que lhe incentiva a assunção das mazelas, em cobrança apenas aplacável pela decisão de se remir de suas consequências. Esse juiz incorruptível permanece, no mais das vezes, adormecido pelas conveniências falíveis da jornada material, enquanto, na cena espiritual, é inapelavelmente acionada pelo seu hospedeiro ao influxo de sofrimentos e descaminhos de que pretenderá, algum dia, desvencilhar-se.

Esse momento aguardará, por vezes, décadas, séculos, milênios, mas virá indefectível, exigindo esforço e vontade imensos, diretamente proporcionais ao tempo perdido na ilusão autoinfligida. Portanto, o julgamento realmente importante é aquele conduzido pela consciência de cada um, que lhe restringe os atos futuros a fim de constrangê-los limites estritos do bem incondicional.

 

  1. As aparentes contradições    

Jesus fala contigo todos os dias, mas é preciso saber ouvi-lo.

 

Deve-se a Sarah Young, filósofa e missionária americana, o ditame, curto e correto, que abre esta seção, ratificando a veracidade da expressão nazarena: é preciso ter olhos para ver e ouvidos para ouvir.

Em sua onisciência superior à de todo espírito que já compartilhou este planeta, Jesus já antevia as enormes dificuldades de entendimento da humanidade que tem protegido éons seguidos, submetida ao raciocínio restrito, cerceado por limitações geográficas e intelectuais, além da interpretação literal, ditada pela insipiência cultural e pela descontextualização.

São inúmeros os exemplos dessa compreensão parcial, equivocada ou completamente errada das palavras do Mestre Divino, eternizadas pela Bíblia:

 

  1. Não cuideis que vim trazer a paz, mas a espada.
  2. Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?
  • Olhai como crescem os lírios do campo, não trabalham nem fiam.
  1. Àquele que tem, será dado; daquele que não tem, será tirado.
  2. Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti.
  3. Jesus amaldiçoou a figueira, para nunca mais dar fruto.
  • Se alguma aldeia não vos receber nem vos quiser ouvir, ao partirdes desse lugar, sacudi a poeira de debaixo de vossos pés.

 

Embora haja ainda muitos irmãos menos informados que persistam na avaliação meramente semântica das palavras proferidas em diversos episódios da trajetória terrena do Mestre, os seareiros cristãos esclarecidos aplicam-se no entendimento acendrado dos ensinamentos atemporais e insuperáveis, fonte de sabedoria perene e magistral.

Desse modo, nenhum irmão, estudioso da verdade eterna, admite que Jesus pudesse dirigir aos que lhe eram próximos os termos e as expressões que não lhe fariam justiça ao objetivo puro e inarredável de orientação ao soerguimento espiritual.

Assim, a espada que Jesus se dignava a desembainhar simbolizava o chamado ao despertamento de espíritos acomodados na vida material confortável ou o encetamento da escalada rumo ao aperfeiçoamento constante. Tampouco propugnava o abandono desrespeitoso dos familiares, pois exaltava que o amor verdadeiro deveria abranger, pouco a pouco, o conjunto da humanidade, tão carente de condução e incentivo.

Jamais aprovou a dilapidação de bens materiais, adquiridos ou herdados honestamente, ao instar a atividade missionária sem preocupação com os meios de subsistência, porém queria mostrar que o Pai reconheceria o esforço de cada filho a partir dos recursos de que dispusesse para a disseminação da fé. Nesse mesmo sentido, absurda seria a concessão de benesses a quem já as detivesse em detrimento de outros que ficariam sem o pouco que tivessem, entretanto, visava premiar os mais dedicados à busca do conhecimento e da verdade imperecível, bem à frente daqueles menos interessados, desperdiçadores de tempo e oportunidades.

Nunca concordaria em conceder remuneração idêntica às jornadas de variada duração, injustiça intolerável, contudo demonstrava a igualdade na possibilidade de redenção, que se repetirá indefinidamente segundo a necessidade de cada ser. Não assumiria conduta menos digna, incompatível à sua imanência superior, rebaixando-se na condenação sumária de qualquer vivente, menos ainda um vegetal que apenas cumpria o seu papel na natureza, fiel ao ciclo imutável de floração e perpetuação, mas alertava criticamente aqueles que, na posse de condições suficientes ao labor edificante, abismavam-se nos gozos epicuristas e improdutivos.

Por fim, Jesus não ordenaria o desprezo ostensivo aos que não pudessem ou não quisessem ouvir a palavra de elevação, atitude descaridosa que não compõem o elenco comportamental do cristão, porém lembrava apenas que não se dessem pérolas aos porcos, enquanto estes não as pudessem aquilatar; que se aguardasse o instante azado, quando o espírito se mostrasse receptivo e capaz de compreender o ensinamento.

O julgamento arremetido ao próximo mereceu de Jesus a mesma consideração de comedimento, prudência e tolerância, cumprindo compreender a sua exortação sob a preocupação que certamente o acometia, conhecedor da fragilidade e falibilidade dos valores humanos. Ele visava combater as motivações e circunstâncias que distorciam e dissimulavam, gravemente, o real objetivo de reiteradas ações humanas.

 

  1. Como fica o livre-arbítrio    

O espírito escolhe e determina o seu caminho, exercitando uma característica indissociável do ser inteligente: o livre-arbítrio.

 

A frase, recolhida no portal da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, sintetiza um dos fundamentos do Espiritismo.

O livre-arbítrio é o dom maior que o Criador concede aos filhos que atingem a capacidade física, mental e espiritual de iniciarem, ao cabo de demorada e extensa evolução, a vereda que os levará, ao custo de muito esforço, dedicação e tempo, à compreensão de seu papel no infinito teatro da espiritualidade, assumindo o protagonismo que lhes está reservado desde a dimanação divina primordial de cada um.

Principiada a fase essencial de sua existência, o espírito nela perseverará em regime de enriquecimento constante, com o desenvolvimento igualmente ininterrupto da consciência, que lhe comandará as decisões e não permitirá que negligencie as responsabilidades consequentes, por mais que procure protelá-las.

Torna-se o ser apto a escolher o próprio rumo ante as realidades materiais, movido não mais pelo automatismo vegetal ou pelo instinto animal, mas pela vontade soberana que o guiará entre o bem e o mal e sua imponderável gradação. O dilema passa a frequentar o seu cotidiano, defrontando-o com opções a todo instante, que exigem a avaliação pensada de cada senda possível, contemplando necessariamente o escrutínio de contextos variados e personagens muitos, destarte a superveniência do julgamento de um ser humano sobre outros. O livre-arbítrio revela-se bem mais que uma possibilidade: é uma obrigação inescapável.

Essa conquista espiritual nunca experimentou a mínima recriminação ou ressalva do grande educador, na verdade infatigável defensor da atitude refletida, ditada pelo objetivo honesto, elevado, isento de motivação deletéria à menor partícula da criação.

 

  1. Como julgamos o próximo    

Se você julga as pessoas, não tem tempo de amá-las.

 

A singela conclamação de Madre Teresa de Calcutá reverbera a piedosa rogativa de Jesus em prol do genuíno amor ao próximo, prática de que a freira laboriosa foi inigualável paladina. Ela alerta todo cristão que o julgamento e o amor apontam direções divergentes.

Considerando-se, todavia, a necessidade de decisão a todo momento, a partir de avaliação extensiva dos valores envolvidos, faz-se relevante entender verdadeiramente o que ela queria dizer, já que jamais concordaria com o pecado, porém ampararia sempre o pecador.

A admirável servidora do Cristo comungava-lhe inteiramente os ideais perante a humanidade, pelo que reconhecia a débil capacidade da avassaladora maioria dos seres encarnados, imersos na multidão de pecados, para valorar devidamente o seu semelhante. Daí provém a moralidade difusa que orienta o comportamento da população encarnada, capaz de detectar a fissura microscópica na integridade do próximo, sujeita ao critério insensato e parcial, em que o rigor insensível é a regra, inválida, no entanto, para si mesma, porquanto a indulgência generosa predomina.

Em contrapartida, o exemplo dos grandes missionários, de todas as religiões, aponta justamente o contrário: severidade consigo, complacência piedosa com o irmão, caridade levada à perfeição pelo Mestre do Amor. Na prática, o habitante terreno não julga o próximo, não lhe avalia detidamente motivações, circunstâncias, possibilidades, restrições, de modo contextualizar a sua situação com o intuito de entender-lhe plenamente a conduta. Na verdade, o irmão flagrado em erro, real ou suposto, submete-se à condenação sumária, inapelável ante acusadores infensos a qualquer argumentação. Sucede-se a inelutável execução moral da pena, absurdamente arrogada pelo acusador inepto, que não se furta a requintes de linchamento.

A triste constatação é que, ao se reunirem para observar a vida dos outros, os seres revelam ser insignificante a intenção enobrecedora, ante a esmagadora prevalência do objetivo menos confessável. No mais das vezes, o comentário a respeito de terceiros, quase sempre na ausência destes, concentra-se exclusivamente na crítica irrestrita, que decai sem dificuldade para a intriga, a calúnia e a difamação, chegando à materialização da vingança, por razões raramente confessáveis e sempre inaceitáveis.

Assim, o julgamento do ser humano típico revela-se impregnado, em grau extremo, pelas imperfeições que o mantêm em penosa expiação no planeta a que adredemente retorna tantas vezes.

 

  1. O procedimento correto    

Amar ao próximo como a si mesmo é a expressão mais completa da caridade.

 

Extraída de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a inequívoca assertiva de Allan Kardec resume a lei magna da convivência cristã em um mundo pouco receptivo ao exercício indiscriminado das virtudes crísticas. Esta expressão singela, direta e indefectível será sempre a lei maior e infalível para todo espírito pensante: observar e admitir o semelhante como um ser em tudo igual a si mesmo.

O comportamento efetivo e irrestritamente amoroso implica a renúncia a qualquer intenção prejudicial ao conjunto da criação divina, que inclui o próprio agente da virtude insubstituível, beneficiário maior de suas recompensas inefáveis. O cristão deve buscar a elevação espiritual a todo instante, olhando o irmão com benevolência e boa vontade, com indulgência sem ingenuidade, reconhecendo-lhe os méritos e as fragilidades, unicamente no intuito de lhe incentivar o aperfeiçoamento.

Entretanto, não pode abdicar da capacidade decisória que lhe é intrínseca desde que a conquistou como espírito emancipado pelo amor do Pai Eterno, cumprindo-lhe sempre escolher a melhor opção com o discernimento perspicaz que a inteligência, a experiência e a moralidade lhe propiciam. Precisa, deste modo, saber identificar e distinguir as qualidades e os defeitos de tudo que se faculte à sua observação, inclusive seus semelhantes, em escala variegada de aspectos positivos e negativos.

Constatando imperfeições no próximo, deve abster-se do objetivo inferior que lhe seria favorável em detrimento do outro. Em caso extremo, como ensina Kardec, não pode abraçar aquele que poderia desejar-lhe o mal, mas preservar-se do dano evitável. Pode também avaliar a extensão da falha alheia apenas se detiver condições de colaborar em sua superação. A realidade é que, ao ser encarnado, não assiste ignorar o julgamento dos eventos da vida material, porque não se deve olhar o faltoso do mesmo modo que se observa o virtuoso, vez que o mérito é diferenciado, reconhecível e demanda o retorno valorizado.

A prática da caridade não abriga a aceitação do erro, sob o risco real de cooptação, cumplicidade deletéria que não deve integrar o rol de atitudes do homem de bem. O julgamento piedoso é acessível ao praticante da verdade cristã, a fim de que venha a exercitar todo o bem possível, separando criteriosamente o joio do trigo, a fruta que alimenta da erva daninha que empobrece, a bondade cristalina do mal dissimulado.

 

  1. Equilíbrio e elevação    

A crítica dos outros somente lhe trará prejuízo se você permitir.

Emmanuel serve-se, reiteradamente, das mãos de Chico Xavier para definir a postura equilibrada do cristão verdadeiro perante o julgamento, muitas vezes injusto, do próximo, porque o ensinamento de Jesus vale, sempre, para o agente e para o receptor, posição intermitente que todo vivente neste mundo experimenta e alterna a todo momento.

O adepto da verdade e do bem reconhece que a sua capacidade de julgamento certeiro sobre os demais é falível, a exemplo do restante da humanidade, devendo estar ele também preparado para reagir de modo elevado e superior às situações em que lhe sejam imputados erros, reais ou imaginários, pela observação negligente ou mesmo perversa de outrem.

Provém do Budismo a orientação de que o melhor caminho é o do meio, determinando que a moderação deve nortear os atos, pensamentos e intenções de todo ser de boa vontade. A ordem sublime consiste no exercício da constatação inquiridora e analítica sobre tudo o que afete os sentidos, cuidando de o fazer com o cuidado escrupuloso de jamais afastar-se do objetivo edificante, enxergando no próximo a possibilidade de acertar ou errar, segundo a estatura ética de cada um.

Do mesmo modo, será avaliado. A justiça divina, além da compreensão humana, a todos contempla igualmente em alcance e intensidade e a ela deve-se confiar as dúvidas e angústias que permeiam a vereda terrena, na certeza de que cada um terá o mérito adequadamente reconhecido.

Esse julgamento superior, misericordioso e engrandecedor será sempre a preocupação maior de todas as ações dos espíritos encarnados ou libertos. Paulo de Tarso, bandeirante do Cristianismo, socorre ao batalhador pela própria edificação, extirpando as dúvidas derradeiras: Examinai tudo, retende o bem.

 

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